Os dias da Criação (Video)
Fotos Inauguração
CV Dimas Lopes
Nota de Imprensa
OS DIAS DA CRIAÇÃO
PERCURSOS
Vem os dias da Criação e depois o descanso... o descanso do criador traduzido na contemplação da obra. Obra dada, em última instância, por acabada na decisão imperativa do momento. Perfeita ou imperfeita inclui ela sempre o pecado original da decisão, sempre difícil, do criador. Inserida no todo, perde a individualidade em prol do discurso expositivo. É esse discurso que Dimas Simas Lopes nos apresenta e, como mote primordial, "Os Dias da Criação" que, afinal também, são os seus dias completos do fazer e do pensar. São dias que, tal como no Génesis conferem o caos do antes. Há que dar ordem, há que optar, assumir riscos e, sobretudo ter coragem. Uma imagem se dá sempre como um todo, por construção ou por convenção, tem uma significação global.
Numa simbólica de signos e sinsignos icónicos tentamos, numa recorrente semiótica, interpretar a inteligibilidade das emoções, dos pensamentos, da metafísica, num jogo de vai-vem, de estar perante a imagem e lhe dar sentido: de ver coisas que não são coisas, mas de as sentir enquanto estados de alma imersos na paleta imensa das cores. E a pintura tem, de facto, esse dom... O dom enganador do ser. Do ser tinta simplesmente e... suporte. E de não conseguirmos ver nunca aquilo que de facto é. Os exoterismos alquímicos, o desconforto das linhas oblíquas a configurar forçosamente espaços em perspectiva e... vemos sempre esses espaços, embora não os queiramos ver; e vemos sempre as pratas e os ouros como contingentes de luz, embora não os queiramos assumir; e vemos sempre os símbolos em vez dos corações, das flores, das uvas, das coroas e dos ceptros e... vemos sempre algo mais no prisma dos nossos pré-conceitos. E vemos círculos e quadrados infinitos e vemos túneis concêntricos e nunca vemos a cor que de facto quer ser, e nunca vemos a forma que de facto é. Trompe l'oeil ou Op Art, como lhe queiram chamar, a pintura grita e chama até si a bidimensionalidade, a verdade platónica de ser simplesmente.
Dimas Simas Lopes coloca-nos perante esta problemática difícil de descortinar na filosofia e na semiótica: o caos e a ordem, os símbolos e as coisas, o ser e o não ser, o criar e o não existir: dicotomias que, afinal, remetem à essência das respostas que procuramos para dar sentido à nossa, por vezes, desconcertante, existência.
Assunção Correia de Melo
OBRAS EM EXPOSIÇÃO





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