Uma mulher não é uma ilha. Antes a ilha que é feita de mulher. Feita de terra e de erva e de vozes que sossegam com a brisa da tarde. A terra que é mulher feita de terra brilha na madrugada de sol e chuva. Depois, à noite, é segredo. Tem a beleza das estrelas mas não se lhe adivinha um gesto. Apenas o cheiro e a presença que a tudo inunda com a respiração de séculos. Quando a noite termina, a mulher não é uma ilha. Estende as ondas como braços e acolhe em si o homem e as crianças dos homens. Junta os pedaços todos do tempo e cria a vida que o dia há-de trazer. É que não ser uma ilha é uma arte. É a vontade de tocar os outros sem que os oceanos se extingam pelo meio. A mulher que é terra está de frente para os ventos rodeada pela profundidade dos seres que nela se descobrem. A ilha que caminhamos para chegar ao cimo do mar é uma mulher que buscamos para chegar ao fundo da terra.

Pedro Barros

Basta-te uma janela, aceita esse dom.
O teu nome mistura-se em tudo o que vês, e uma janela abre-se no teu coração. És mais do que aquilo que em ti existe e quando afastas os teus cabelos, como cortinas, já cá não estás. E o teu barco parte, contornando os negros rochedos, desenhando pela frente o teu mar de ideias.

Basta-te uma janela, aceita esse dom.
Em ti flúem as mulheres do mundo, e o teu silêncio ensurdece a pequenez te tudo o que não te pressente. O teu perfume apazigua as nações e mantém os homens juntos. O teu corpo é a robustez e o movimento da terra. O teu amor, propaga as sementes e faz rodar os girassóis.

Basta-te uma janela, aceita o dom de transpores tudo num segundo, num sonho de infância, num suspiro. Num esboço que desenhas, de um mundo fantástico de dois amantes.
Para lá da janela, o mar e um castelo plantado no teu coração

Alexandra Godinho

Cátia

Maria Ana

Phillipa